A idade voa… 3p3ud
Coluna de Jussara Camara
A idade voa… 3p3ud
por Jussara Câmara 241k5j
Quando se vê, a gente já deixou os 50, está entrando nos 60, indo para os 70 e quase chegando aos 80 anos. O tempo a sem você perceber. Pois é, ficar velho(a) pode ser chato, mas, não tem outra alternativa, tem?
Além disso, no mundo a cada dia, as taxas de natalidade estão caindo. Aqui no Brasil, os idosos deixaram de ser a menor parcela da população e já superam faixa de 15 a 24 anos, segundo dados do IBGE. Essa é a realidade.
Os filhos não são mais aquelas criancinhas fofas. Estão grandes e cheios de exigências e contestações. Você começa a pegar leve em tudo. Renuncia ao uísque, da vodca e adere ao vinho. E as articulações? Que nunca foram grande coisa, agora estão ruins. Por isso, é importante cuidar da saúde desde cedo.
Às vezes estou andando no supermercado e cruzo com uma senhora de, sei lá, uns setenta e poucos anos. Uma daquelas que parece ter apanhado de dez a zero da vida. Nem um sorriso, nem uma palavra amiga. Um ar perdido, derrotado, deprimido… Aí, sim, eu sinto medo da velhice!
Como jornalista, especializada em gerontologia social, eu deveria afirmar que a “melhor idade” é uma maravilha. Para começar, melhor idade independe de quantos anos você tem e sim, do que você pode fazer. Fora isso, muita gente não quer nem pensar em envelhecer…
Por quê? Tem medo de ficar desiludido(a), amargurado(a), ou chato(a)? Pensa que vai deixar de fazer o que gosta. Pensa que só vai tomar chazinho de erva-doce, por recomendação médica? Não vai poder sair? Em resumo: será que pensam que vão ficar como aquela mulher do supermercado?
Parem com isso. Pensem que está mais do que na hora de aproveitar o aqui e o agora. Aí, em vez de lamentar o ado, em a viver com o que podem fazer agora. Afinal de contas, essa pode ser uma fase boa, enriquecedora, para se conviver com os amigos, para se apreciar melhor a vida, onde se tem paz e serenidade. Inclusive é quando há mais maturidade e tempo para se ser o que sempre quisemos ser, sem cobranças.
Minha opinião é que envelhecer bem é um segredo que poucos conhecem e que deve ser pensado desde a juventude. Até para não ter surpresas ruins.
Para terminar, lembro o poema de Mário de Andrade, “O valioso tempo dos maduros”, com palavras enriquecedoras, para envelhecermos bem.
Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.
Tenho muito mais ado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas.
As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles iram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para istrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafectos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário-geral do coral.
‘As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos’.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa…
Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana.
Que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade,
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade,
O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial!

Jornalista especializada em gerontologia social. Criou a “Rio Cidadão Sênior”, primeira revista carioca para a terceira idade, e a página “Idade Maior”, publicada no Facebook. É integrante da ALLA – Academia Louveirense de Letras e Artes.
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